segunda-feira, 28 de julho de 2008

A Fotografia de Wagner Celestino

Wagner Celestino há mais de 30 anos no mundo da fotografia. Começou a fotografar em 1977. Em 1998 publicou em parceria com a ONG ASSOCIAÇÃO APOIO, o livro Cortiços A realidade que ninguém vê. Esse trabalho por sua vez é um dos mais prestigiados na carreira desse profissional que decidiu trocar a música pela fotografia.
O Cinema e o Jornal da Tarde da década de 70 tiveram uma participação enorme para o início da vida fotográfica de Celestino, pois os mesmo eram os únicos que davam uma importância a mais para a fotografia.
O que mais gosta de fotografar são pessoas. Ao longo desses anos de carreira, Wagner supõe que já tirou mais de 5 mil fotos, um número que o mesmo acha pouco, pois gostaria de fazer por dia pelo menos um filme. Ainda pretende fotografar Alaíde Costa e continuar o trabalho de registro da Velha Guarda de São Paulo.
Em 2007 o Prêmio Tim de Música fez uma homenagem à Zé Kéti. As fotos exibidas durante a homenagem foram feitas por Wagner, que teve a oportunidade de fazer um trabalho sobre a última passagem de Zé por São Paulo.
O livro Cortiços tem de especial, uma forma de documento na qual mostra a situação social do país, uma denúncia à moradia popular que ainda não é um caso resolvido.
A seguir, algumas das perguntas que fiz à ele:
1. Vendo o sofrimento de perto dos moradores de um Cortiço é possível não se comover?
Wagner: Quando eu comecei a fazer o trabalho, foi dado o toque para não me envolver, pois eu poderia não conseguir terminar. O que me marcou era que ali as pessoas queriam moradia e uma dignidade. Não tive envolvimento emocional, mas também não pude ignorar aquela situação.
2. O que você pretendeu mostrar com o livro Cortiços à população?
Wagner: É difícil você conseguir expor. Estou batalhando desde 2003 em questão do livro da Velha Guarda. Há muito descaso. Cultura Negra nesse país é complicada e essa mesma cultura sendo feita por um negro, é mais complicada ainda. Você não consegue espaço, não consegue parceria, você fotografa e depois o material vai para gaveta.
3. Qual a sua ligação com o Museu Afro Brasil?
Wagner: Na inauguração do Museu, recebi um convite do Emanuel Araújo e na época ele perguntou do trabalho da Velha Guarda. Na noite da inauguração, expus meu trabalho a ele. Nos 500 anos do descobrimento teve uma exposição na Pinacoteca, uma coletiva na qual Emanuel focou especificamente a contribuição dada pelo negro na arte no Brasil nesses 500 anos. E através de Valter Firmo que eu consegui mostrar esse trabalho durante o evento. Daí o ligação com o Museu.
4. O cinema nacional melhorou?
Wagner: Claro! Essa melhora foi em questão da técnica por causa de outros equipamentos. Bons profissionais sempre tivemos. Considero o cinema como uma escola.
5. O que é preciso para se destacar no mercado e ser um bom fotógrafo?
Wagner: Conhecimento. Se você não tiver uma rede de conhecimento, você dança. E depois vem a qualidade do seu trabalho. Pra ser um bom fotógrafo tem que ser aventureiro e ter um olhar peculiar. Tem que ser aventureiro no sentido de ir lá e ter o olhar fotográfico.

7 comentários:

Anônimo disse...

Felipe, estava no Festival Tim do ano passado. Wagner Celestino é um excelente fotógrafo. Belas fotos dele.

Anônimo disse...

Esse exemplar, encontramos fácil nas lojas?

Anônimo disse...

Deve ser muito interessante esse livro do Wagner, não é?

Anônimo disse...

Felipe, me mostra depois o livro desse texto?

Anônimo disse...

Sinceramente, eu não conhecia esse fotógrafo e achei muito interessante a carreira dele como fotojornalista e uma obra que mostra o que nos dias atuais está sendo revalorizado, ou seja, a preocupação com os excluídos da sociedade. Infelizmente seus trabalhos serão sempre contemporâneos, pois, a situação com os pobres, negros e mestiços dificilmente mudará e com essa sociedade capitalista, da qual, valoriza as novidades tecnológicas e contribui para o encarecimento dos recursos energéticos e da alimentação. O tema da reportagem é boa. Contudo, há alguns pontos que precisam ser melhorados para que você possa alcançar a excelência no jornalismo. Preocupe-se com o texto e procure conhecer mais o entrevistado antes de entrevistá-lo, porque, você pode ocupar o pequeno espaço das colunas com perguntas que façam mais sentido a reportagem.

Anônimo disse...

Felipe,

Muito legal as fotografias de Wagner Celestino. As imagens são fortes e falam por si só! Na minha opinião, seria interessante encontrar uma temática para essas imagens e explorá-las mais! Sabe, observando as senti uma profunda solidão. Existe até um ar poético! Próprio de pessoas que são sensíveis ao sofrimento alheio! Explore-as! Beijos

Marcelo Santos disse...

Olá, Felipe.

Sou repórter e estou à procura do Wagner Celestino. Você possui o contato dele?

jornalista.marcelo@terra.com.br

abs,

Marcelo