domingo, 17 de agosto de 2008

Um baiano chamado Dorival


O Brasil está em luto. Na manhã de sábado (16), morre o cantor Dorival Caymmi, aos 94 anos em sua casa no Rio de Janeiro no bairro de Copacabana.
Há nove anos, o músico lutava contra um câncer renal e desde dezembro de 2007 permanecia em internação domiciliar. Ele também sofria de insuficiência renal e teve falência múltipla dos órgãos. Era casado há quase 70 anos com a cantora Stella Maris.
Poeta, compositor, violeiro e cantor inconfundível, Dorival tinha a vida e a obra estreitamente ligadas à Bahia, sua terra natal. Suas canções sempre evocam as praias e as festas baianas, os dramas, costumes, alegrias e tristezas do povo sempre amado pelo cantor.
Caymmi nasceu em 1914, e cedo, ainda no ginásio, teve de deixar os estudos, para ajudar a família. Trabalhou como vendedor, pintou tabuletas para casas comerciais, fez serviços de escritório. Passava horas vagas, com um grupo de amigos nas praias de Salvador. Já nessa época o violão era seu companheiro constante. Compôs as primeiras marchinhas e, em 1939, já no Rio de Janeiro, escreveu, O que é que a baiana tem?
Daí em diante, produziu muitas canções, inspiradas no mar e nos pescadores, outras sobre motivos folclóricos e vários sambas.
O corpo de Dorival será enterrado na tarde desse domingo (17), São João Batista, em Botafogo (zona sul do RJ).
Veja alguns depoimentos dos artistas sobre a morte de Dorival, extraídos do site da folha:

Glória Maria, jornalista: "Ele era um cavalheiro, um dos últimos. O que mais me chamava a atenção nele era a jovialidade e a eterna paixão pelo feminino. "Ele era uma pessoa duma simplicidade extraordinária, alegria, serenidade. Era um cara na dele, não tinha estresse, era mesmo um homem do mar. Caymmi era uma pessoa rara nesse mundo louco, globalizado, agitado. Ele conseguiu se manter Caymmi até a hora de morrer".
Chico Buarque, cantor e compositor: "Dorival Caymmi era um artista fundamental e um amigo muito querido".


Ivete Sangalo, cantora: "Eu, como baiana, tenho uma relação intensa com a Bahia de Dorival Caymmi. Ele foi um grande tradutor das coisas boas da gente, ele era um homem que via poesia em coisas do cotidiano que só ele via, com a sensibilidade que ele tinha. Mas acima de tudo, além de traduzir a Bahia, ele traduzia o Brasil. Ele foi um homem que levou a sua música para o mundo. O mundo passou a conhecer ainda mais o conteúdo cultural da gente através de Dorival Caymmi. Eu particularmente sou uma fã incondicional de Dorival Caymmi e de sua obra. Acho que a Bahia desfrutará sempre dessa auto-estima que ele inseriu em cada um de nós e ele além de um grande compositor, era o poeta da auto-estima que falava da nossa Bahia com tanta propriedade que a gente se despede sentindo muito, mas agradecendo por tudo que ele fez”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sem dúvida, na minha opinião, o maior nome da música baiana e brasileira.